sexta, 04 de junho de 2021
Associação Médica do Paraná
Associação Catarinense de Medicina
Ao Senado Federal
“A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, e a coragem, a mudá-las. Ambas são filhas da esperança.”
Santo Agostinho
Senhores senadores,
Somos médicos e, quando nos formamos, juramos dedicar nossas vidas a salvar outras. Nossa missão é árdua, exige muito trabalho e respeito à ciência e à ética. Tudo o que pedimos em troca é o reconhecimento a nossos esforços e respeito à nossa dignidade.
A CPI da Covid não está fazendo isso.
Convida profissionais médicos a ajudarem na elucidação dos fatos através de seus conhecimentos e experiências, entretanto os trata como instrumentos a serviço de objetivos políticos, criando um cenário comparável a um circo de horrores.
Em especial as médicas, cujos currículos são respeitáveis, receberam um tratamento que, em muitos momentos, foi abusivo e deselegante. Perguntas pressupõe respostas, que devem ser dadas por inteiro, sem interrupção, e dificilmente se completam com uma simples afirmativa ou negativa, como se se tratasse de uma questão de vestibular.
A pergunta sobre a diferença entre um protozoário e um vírus era sabidamente ridícula até por quem a formulou, e o que se seguiu foi desrespeitoso, constrangedor e ofensivo.
A Associação Médica do Paraná juntamente com a Associação Catarinense de Medicina manifestam a sua indignação e solicitam ao Senado Federal que se mantenha atento à sua função de fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo (Art. 49, inciso X da Constituição Federal), mas que o faça para o bem do Brasil e não para atender a interesses político-partidários.
Como todos os brasileiros, desejamos que a verdade seja encontrada a partir da análise lógica dos fatos, que erros sejam corrigidos, que culpados sejam punidos e que caminhos mais seguros sejam indicados.
Infelizmente, para quem tinha a esperança de que a CPI fosse o instrumento para tanto, resta, por enquanto, o sentimento de frustração.
Mantemos a esperança de mudar nossa opinião, mas não podemos, neste momento, deixar de manifestar nossa indignação.
Dr. Nerlan Tadeu Gonçalves de Carvalho Dr. José Fernando Macedo
Presidente da AMP Vice-presidente da AMP
Dr. Ademar José de Oliveira Paes Junior
Presidente da ACM